NPE 37: A construção do trabalho doméstico assalariado no Brasil

As bases do tra­ba­lho domés­ti­co, mar­ca­das his­to­ri­ca­men­te por desi­gual­da­des raci­ais e de gêne­ro, rele­ga­ram essa ocu­pa­ção a uma des­va­lo­ri­za­ção sis­te­má­ti­ca na estru­tu­ra soci­al bra­si­lei­ra. A mar­gi­na­li­za­ção impos­ta às mulhe­res e o lugar ocu­pa­do pelo tra­ba­lho domés­ti­co, em uma eco­no­mia de base colo­ni­al como a do Bra­sil, se con­ver­sam mutu­a­men­te e fazem com que os avan­ços da luta por direi­tos des­sa cate­go­ria sejam escas­sos, incom­ple­tos e frá­geis. Mes­mo com o exten­so movi­men­to das mulhe­res tra­ba­lha­do­ras domés­ti­cas ao lon­go do capi­ta­lis­mo bra­si­lei­ro, só foram per­mi­ti­dos avan­ços ins­ti­tu­ci­o­nais – ain­da cla­ra­men­te insu­fi­ci­en­tes – em momen­tos de pros­pe­ri­da­de e cres­ci­men­to econô­mi­co. Ain­da assim, esses direi­tos dura­men­te con­quis­ta­dos estão sem­pre pas­sí­veis de ques­ti­o­na­men­tos e retro­ces­sos em qual­quer momen­to de ins­ta­bi­li­da­de econô­mi­ca, como nos mos­trou a pan­de­mia da Covid-19. Esta Nota ana­li­sa his­to­ri­ca­men­te a regu­la­men­ta­ção do tra­ba­lho domés­ti­co no Bra­sil, da abo­li­ção da escra­va­tu­ra até a apro­va­ção da PEC das Domés­ti­cas, e apon­ta as difi­cul­da­des impos­tas às pos­si­bi­li­da­des de reco­nhe­ci­men­to jurí­di­co, econô­mi­co e soci­al da cate­go­ria à luz da cons­tru­ção soci­o­po­lí­ti­ca da soci­e­da­de brasileira.