WP 15: Complexidade econômica e desmatamento na Amazônia brasileira

O pre­sen­te arti­go bus­ca ava­lia se o incre­men­to da com­ple­xi­da­de econô­mi­ca pode fomen­tar um pro­ces­so de cres­ci­men­to sus­ten­tá­vel da Amazô­nia bra­si­lei­ra. Para tan­to, o estu­do ava­lia os deter­mi­nan­tes da vari­a­ção no des­ma­ta­men­to na Amazô­nia Legal em nível muni­ci­pal no perío­do entre 2006 e 2021.

Em par­ti­cu­lar, o arti­go inves­ti­ga o efei­to de mudan­ças qua­li­ta­ti­vas na estru­tu­ra pro­du­ti­va dos muni­cí­pi­os sobre o des­ma­ta­men­to, con­tro­lan­do para fato­res tipi­ca­men­te asso­ci­a­dos ao des­ma­ta­men­to, como os pre­ços de com­mo­di­ti­es (car­ne, soja e madei­ra), polí­ti­cas gover­na­men­tais rela­ti­vas à áre­as de assen­ta­men­to e pro­te­ção, ação da polí­cia ambi­en­tal (IBAMA), além de variá­veis do ciclo polí­ti­co-econô­mi­co que podem afe­tar as deci­sões dos agen­tes sobre as esco­lhas de uso da terra.

Os tes­tes empí­ri­cos repor­ta­dos no arti­go suge­rem que o aumen­to do índi­ce de com­ple­xi­da­de econô­mi­ca não neces­sa­ri­a­men­te refle­te uma reor­ga­ni­za­ção da ati­vi­da­de pro­du­ti­va local em dire­ção a seto­res ver­des, o que tor­na neces­sá­rio estu­dos para iden­ti­fi­ca­ção de ati­vi­da­des que pos­sam con­tri­buir para a pre­ser­va­ção ambi­en­tal asso­ci­a­da ao aumen­to da complexidade.

Os tes­tes indi­cam que um aumen­to de 0,1 na com­ple­xi­da­de ten­de a ele­var em 9,5% o des­ma­ta­men­to no perío­do pre­sen­te e a redu­zi-lo em 3,5% no perío­do futu­ro. Os pre­ços da soja, da car­ne bovi­na e dos pro­du­tos do extra­ti­vis­mo, por sua vez, têm efei­to posi­ti­vo sobre o des­ma­ta­men­to em alguns dos tes­tes. Além dis­so, os tes­tes indi­cam ain­da que a com­ple­xi­fi­ca­ção pro­du­ti­va ten­de a se asso­ci­ar ao cres­ci­men­to do des­ma­ta­men­to em muni­cí­pi­os de bai­xa com­ple­xi­da­de e à redu­ção do des­ma­ta­men­to em muni­cí­pi­os de alta complexidade.

Em ter­mos gerais, por­tan­to, o aumen­to da com­ple­xi­da­de não neces­sa­ri­a­men­te refle­te uma reor­ga­ni­za­ção da ati­vi­da­de pro­du­ti­va local em dire­ção a seto­res ver­des, o que tor­na neces­sá­ri­os estu­dos para iden­ti­fi­ca­ção de ati­vi­da­des que pos­sam ali­ar pre­ser­va­ção ambi­en­tal com aumen­to da com­ple­xi­da­de. Além dis­so, os resul­ta­dos apre­sen­ta­dos no arti­go indi­cam que os deter­mi­nan­tes do des­ma­ta­men­to no perío­do ava­li­a­do coin­ci­dem com aque­les repor­ta­dos na lite­ra­tu­ra, como o pre­ço (ou lucra­ti­vi­da­de) da pecuá­ria, da agri­cul­tu­ra e da ati­vi­da­de extrativista.

É impor­tan­te notar que a variá­vel de mai­or impac­to no des­ma­ta­men­to anu­al e úni­ca sig­ni­fi­ca­ti­va em todos os mode­los e espe­ci­fi­ca­ções é a fis­ca­li­za­ção ambi­en­tal, con­fir­man­do o papel das polí­ti­cas públi­cas para pre­ser­va­ção da área ver­de na região. Os tes­tes indi­cam ain­da que um aumen­to de 1% nas autu­a­ções do IBAMA reduz em 0,5% o des­ma­ta­men­to no mes­mo ano. Mais do que isso, as autu­a­ções pare­cem gerar um viés pro­te­ti­vo futu­ro, o que pode ser tan­to resul­ta­do da redu­ção do poten­ci­al de des­ma­ta­men­to des­ve­la­do pela autu­a­ção, como tam­bém por colo­car a região em evi­dên­cia, ini­bin­do a der­ru­ba­da da floresta.