WP 13: Política monetária e a dinâmica de emprego por gênero e raça no Brasil

A Política monetária his­to­ri­ca­men­te pre­o­cu­pa-se com o con­tro­le de inflação, uti­li­zan­do da taxa de juros como seu prin­ci­pal ins­tru­men­to. No entan­to, tal política não é neu­tra em seus impac­tos em gênero e raça. Este tra­ba­lho explo­ra eco­no­me­tri­ca­men­te o efei­to de mudanças na taxa de juros na criação de empre­gos para mulhe­res e negros no Bra­sil. Com dados tri­mes­tri­ais para 13 esta­dos Bra­si­lei­ros, entre 2012 e 2021, esti­ma­mos um mode­lo de efei­to fixo para cap­tar o impac­to de mudanças em taxa de juros no desem­pre­go, sepa­ra­do por gênero e raça. Nos­sos resul­ta­dos mos­tram que a taxa de juros real tem um efei­to posi­ti­vo no desem­pre­go rela­ti­vo de homens negros e homens bran­cos, não há efei­to no desem­pre­go rela­ti­vo de mulhe­res negras e homens bran­cos, e tem efei­to nega­ti­vo no desem­pre­go rela­ti­vo de mulhe­res bran­cas e homens bran­cos. Estes efei­tos são inten­si­fi­ca­dos em regiões onde o per­cen­tu­al de população negra é bai­xa. Este estu­do con­tri­bui para um melhor enten­di­men­to dos desa­fi­os de redu­zir dis­pa­ri­da­des de gênero e raça, prin­ci­pal­men­te em países em desen­vol­vi­men­to. Concluímos que o impac­to desi­gual de políticas públicas, se não con­si­de­ra­do, pode levar à conclusões equi­vo­ca­das que con­tri­bu­em para a perpetuação de desi­gual­da­des socioeconômica.

Referências bibliográficas

Abell, John D (1991). “Distributional effects of monetary and fiscal policy: Impacts on unem- ployment rates disaggregated by race and gender”. Em: American Journal of Economics and Sociology 50.3, pp. 269–284.

Arau ́jo, Eurilton (2004). “Medindo o impacto regional da polıtica moneta ́ria brasileira: uma compara ̧ca ̃o entre as regio ̃es Nordeste e Sul”. Em: Revista Econˆomica do Nordeste 35.3, pp. 356–393.

Barbosa-Filho, Nelson H (2015). “Monetary policy with a volatile exchange rate: the case of Brazil since 1999”. Em: Comparative Economic Studies 57.3, pp. 401–425.

BC (2018). Aspectos metodol ́ogicos e compara ̧c ̃oes dos comportamentos do IBC-Br e do PIB, Estudo Especial no 3/2018. Rel. t ́ec. Banco Central do Brasil.

Bertanha, Marinho e Eduardo Amaral Haddad (2008). “Efeitos regionais da polıtica mo- neta ́ria no Brasil: impactos e transbordamentos espaciais”. Em: Revista Brasileira de Economia 62, pp. 3–29.

Blanchard, Olivier e Lawrence Katz (1997). “The natural rate of unemployment”. Em: Jour- nal of Economic Perspectives 11, pp. 51–72.

Blanchard, Olivier J (1995). “Macroeconomic implications of shifts in the relative demand for skills”. Em: Economic Policy Review 1.1.

Blecker, Robert A e Stephanie Seguino (2002). “Macroeconomic effects of reducing gen- der wage inequality in an export-oriented, semi-industrialized economy”. Em: Review of development economics 6.1, pp. 103–119.

Braunstein, Elissa e James Heintz (2008). “Gender bias and central bank policy: employment and inflation reduction”. Em: International Review of Applied Economics 22.2, pp. 173– 186.

Carpenter, Seth B e William M Rodgers (2004). “The disparate labor market impacts of monetary policy”. Em: Journal of Policy Analysis and Management 23.4, pp. 813–830.

Elson, Diane (1995). “Gender awareness in modeling structural adjustment”. Em: World Development 23.11, pp. 1851–1868.

Erten, Bilge e Martina Metzger (2019). “The real exchange rate, structural change, and female labor force participation”. Em: World Development 117, pp. 296–312.

Freddo, Lucas Antonio Mois ́es (2019). “Inflation targeting in Latin America: the role of the exchange rate”. Tese de doutoramento. Universidade de Sa ̃o Paulo.

Guimara ̃es, Rafael Rockenbach da Silva e S ́ergio Marley Modesto Monteiro (2014). “Mo- netary policy and regional output in Brazil”. Em: Revista Brasileira de Economia 68, pp. 73–101.

Ha, Jongrim, M Marc Stocker e Hakan Yilmazkuday (2020). “Inflation and exchange rate pass-through”. Em: Journal of International Money and Finance 105, p. 102187.

IPEA (2015). Retrato das desigualdades de gˆenero e ra ̧ca - 1995 a 2014. Rel. t ́ec. Instituto de pesquisa economica aplicada.

Kaltenbrunner, Annina e Juan Pablo Painceira (2017). “The impossible trinity: inflation targeting, exchange rate management and open capital accounts in emerging economies”. Em: Development and Change 48.3, pp. 452–480.

23

Kucera, David e Sheba Tejani (2014). “Feminization, defeminization, and structural change in manufacturing”. Em: World Development 64, pp. 569–582.

Munyo, Ignacio e Martın Antonio Rossi (2015). The effects of real exchange rate fluctuations on the gender wage gap and domestic violence in Uruguay. Rel. t ́ec. IDB Working Paper Series.

Ribeiro, Rafael Saulo Marques, John SL McCombie e Gilberto Tadeu Lima (2017). “Some unpleasant currency-devaluation arithmetic in a post Keynesian macromodel”. Em: Jour- nal of Post Keynesian Economics 40.2, pp. 145–167.

Seguino, Stephanie (2020). “Engendering macroeconomic theory and policy”. Em: Feminist Economics 26.2, pp. 27–61.

Seguino, Stephanie e James Heintz (2012). “Monetary tightening and the dynamics of US race and gender stratification”. Em: American Journal of Economics and Sociology 71.3, pp. 603–638.

Silva, Fernanda Faria, Marco Aur ́elio Crocco Afonso e Carlos Javier Rodrıguez-Fuentes (2010). “Limita ̧co ̃es teo ́ricas da literatura convencional sobre impactos regionais de polıtica moneta ́ria”. Em: Silva 332, S586l.

Takhtamanova, Yelena e Eva Sierminska (2009). “Gender, monetary policy, and employment: the case of nine OECD countries”. Em: Feminist Economics 15.3, pp. 323–353.

Tejani, Sheba e William Milberg (2016). “Global defeminization? Industrial upgrading and manufacturing employment in developing countries”. Em: Feminist Economics 22.2, pp. 24–54.

Thorbecke, Willem (2001). “Estimating the effects of disinflationary monetary policy on minorities”. Em: Journal of Policy Modeling 23.1, pp. 51–66.

Zavodny, Madeline e Tao Zha (2000). “Monetary policy and racial unemployment rates”. Em: Economic Review-Federal Reserve Bank of Atlanta 85.4, p. 1.