NPE 09: Salvando vidas e a economia: a importância dos gastos públicos na crise causada pela Covid-19

Mar­ca­do des­de o iní­cio pelo fal­so dile­ma entre sal­var vidas ou sal­var a eco­no­mia, o deba­te acer­ca da res­pos­ta mais ade­qua­da dos gover­nos à cri­se sani­tá­ria avan­çou ao redor do mun­do em dire­ção a uma com­bi­na­ção entre polí­ti­cas de saú­de e medi­das econô­mi­cas vol­ta­das à pre­ser­va­ção da ren­da das famí­li­as e à sobre­vi­vên­cia das empre­sas. Esta Nota esti­ma o impac­to das dife­ren­tes medi­das gover­na­men­tais ado­ta­das sobre o desem­pe­nho econô­mi­co de um pai­nel de 45 paí­ses ao redor do mun­do em 2020. Nos­sos resul­ta­dos suge­rem que os estí­mu­los fis­cais foram mui­to sig­ni­fi­ca­ti­vos em ate­nu­ar a reces­são. O poten­ci­al impac­to nega­ti­vo de cur­to pra­zo sobre o PIB, resul­ta­do do neces­sá­rio dis­tan­ci­a­men­to soci­al e res­tri­ções sobre a pro­du­ção (dimi­nui­ção da pre­sen­ça nos locais de tra­ba­lho), pôde ser mais do que com­pen­sa­do por uma polí­ti­ca fis­cal ati­va e um com­pro­me­ti­men­to dos ges­to­res públi­cos com polí­ti­cas de saú­de. Em espe­ci­al, a medi­da de esfor­ço fis­cal, que inclui gas­tos vol­ta­dos à pre­ser­va­ção da ren­da das famí­li­as e de alí­vio a empre­sas, é a úni­ca variá­vel que, inde­pen­den­te­men­te da espe­ci­fi­ca­ção uti­li­za­da no mode­lo, apa­re­ce como sig­ni­fi­can­te e posi­ti­va para a vari­a­ção do PIB obser­va­da no con­jun­to de paí­ses estu­da­do. Os resul­ta­dos das nos­sas esti­ma­ções indi­cam que aumen­tos de 1% do gas­to públi­co em rela­ção ao PIB pro­mo­ve­ram um aumen­to do Índi­ce sema­nal da ati­vi­da­de econô­mi­ca da OCDE de entre 1,9 e 2,1% em rela­ção ao seu valor ini­ci­al. As polí­ti­cas de dis­tan­ci­a­men­to soci­al, de garan­tia de equi­pa­men­tos de saú­de e medi­ca­men­tos, e do uso ade­qua­do de más­ca­ras foram e ain­da são fun­da­men­tais para con­ter o vírus e impe­dir mais mor­tes, como indi­cam todos os espe­ci­a­lis­tas epi­de­mi­o­ló­gi­cos. A sal­va­ção da eco­no­mia, nes­sa estei­ra, não depen­de de um menor iso­la­men­to ou de um des­com­pro­me­ti­men­to com a saú­de. Ao con­trá­rio, esta nota dei­xa níti­do que o melhor remé­dio para a reces­são são estí­mu­los fis­cais que garan­tam a ren­da das famí­li­as e a saú­de finan­cei­ra das empre­sas, pos­si­bi­li­tan­do uma res­pos­ta sani­tá­ria ade­qua­da por par­te dos governos.