NPE 25: Recuperação verde e transição justa na Amazônia Legal: impactos sobre a desigualdade no mercado de trabalho
Esta Nota de Política Econômica estima, a partir das matrizes de insumo-produto regionais de 2011 e 2015, o impacto que um hipotético plano de recuperação verde centrado na Amazônia Legal teria sobre o mercado de trabalho regional e brasileiro, seja em relação ao número de empregos gerados, seja em relação à distribuição desses empregos a partir de critérios de raça e gênero. Parte-se do detalhamento fornecido pelo resumo executivo do Plano de Recuperação Verde da Amazônia Legal (PRV-AL), para se construir uma metodologia capaz de mensurar o número de empregos gerados por um choque no valor de R$ 1,5 bilhão. A partir de certas escolhas metodológicas, identifica-se uma estrutura produtiva hipotética para cada eixo mencionado no PRV-AL, que são transformados em setores sintéticos e inseridos nas matrizes de insumo-produto. Assim, é possível estimar o impacto do aporte de recursos em cada eixo na geração de empregos diretos e indiretos, por raça e gênero, considerando duas regiões: a Amazônia Legal e o Restante do Brasil. Os resultados apontam que o plano de recuperação verde simulado poderia gerar 28.026 novos postos de trabalho em 2011 e 25.114 em 2015. Destes, 85,7% e 86,5% seriam criados na Amazônia Legal. Considerando a composição da força de trabalho da Amazônia Legal e dos setores favorecidos pelo plano, os efeitos estimados apontam para uma redução da desigualdade racial e de gênero no mercado de trabalho brasileiro, principalmente devido aos seus efeitos observados na Amazônia Legal em tal direção.
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