NPE 07: Quão mais fundo poderia ter sido esse poço? Analisando o efeito estabilizador do Auxílio Emergencial em 2020

Até o final de junho do ano pas­sa­do, a menor pro­je­ção das ins­ti­tui­ções finan­cei­ras con­sul­ta­das pelo Ban­co Cen­tral no Bole­tim Focus para a que­da do PIB de 2020 che­gou a ser de 11%. Essa míni­ma pas­sou a ser de 5% no Bole­tim de janei­ro des­te ano, com as pro­je­ções para 2020 giran­do em tor­no de 4,3% de que­da do PIB. Esta Nota ana­li­sa um dos fato­res que nos leva­ram a ate­nu­ar subs­tan­ci­al­men­te a pro­fun­di­da­de da reces­são no pri­mei­ro ano de pan­de­mia: o cha­ma­do efei­to mul­ti­pli­ca­dor do Auxí­lio Emer­gen­ci­al. Nos­sas simu­la­ções indi­cam que, com um gas­to equi­va­len­te a 4,1% do PIB de 2020, o Auxí­lio foi res­pon­sá­vel por evi­tar que nos­sa eco­no­mia caís­se entre 8,4% e 14,8% do ano pas­sa­do. A redu­ção no con­su­mo das famí­li­as pode­ria ter dimi­nuí­do entre 11 e 14,7% na ausên­cia des­se bene­fí­cio, ao invés de sofrer a que­da de 6% pre­vis­ta atu­al­men­te. Esti­ma­mos tam­bém que o efei­to mul­ti­pli­ca­dor do Auxí­lio ser­viu como esta­bi­li­za­dor da razão dívida/PIB não ape­nas pelo aumen­to no deno­mi­na­dor, mas tam­bém por ate­nu­ar a que­da da arre­ca­da­ção de impos­tos em meio à reces­são. Ao ana­li­sar­mos o com­por­ta­men­to da Dívi­da Líqui­da do Setor Públi­co iden­ti­fi­ca­mos que sua rela­ção com o PIB pode­ria ter se ele­va­do em 3 pon­tos per­cen­tu­ais aci­ma do obser­va­do caso o auxí­lio e seu impac­to mul­ti­pli­ca­dor não tives­sem exis­ti­do. Assim, é pos­sí­vel con­cluir que, ape­sar da mag­ni­tu­de ele­va­da de nos­sos gas­tos no com­ba­te à pan­de­mia em pro­por­ção ao PIB – entre os vin­te mai­o­res do mun­do, segun­do o FMI – seus impac­tos macro­e­conô­mi­cos foram subs­tan­ti­vos. Des­ta for­ma, a inter­rup­ção abrup­ta do bene­fí­cio pode não ape­nas ele­var indi­ca­do­res de pobre­za e desi­gual­da­de, como tam­bém pre­ju­di­car nos­sas pers­pec­ti­vas de reto­ma­da econô­mi­ca em 2021.