NPE 18: Quanto fica com as mulheres negras? Uma análise da distribuição de renda no Brasil

Nes­ta Nota de Polí­ti­ca Econô­mi­ca estu­da­mos a desi­gual­da­de de ren­da sob o recor­te de raça e gêne­ro a par­tir de uma base de dados que com­ple­men­ta as infor­ma­ções de ren­di­men­tos dos adul­tos da Pes­qui­sa de Orça­men­to Fami­li­a­res de 2017–18 com dados admi­nis­tra­ti­vos do Impos­to de Ren­da. Des­sa for­ma, é pos­sí­vel iden­ti­fi­car de manei­ra mais acu­ra­da a ren­da do topo da dis­tri­bui­ção. A par­tir des­sas infor­ma­ções, sal­ta aos olhos uma desi­gual­da­de sig­ni­fi­ca­ti­va inter­ra­ci­al, seja quan­do olha­mos a com­po­si­ção de cada gru­po de ren­di­men­tos, seja quan­do olha­mos a par­ce­la da ren­da apro­pri­a­da por gru­pos demo­grá­fi­cos. Em rela­ção ao pri­mei­ro caso, é pos­sí­vel des­ta­car que os negros, embo­ra sejam 54% dos adul­tos, repre­sen­tam 70% do déci­mo mais pobre da popu­la­ção, ou seja dos 10% da popu­la­ção com meno­res ren­di­men­tos. Por outro, quan­do con­si­de­ra­mos o topo 1% da ren­da essa par­ti­ci­pa­ção é redu­zi­da para 19,5%, enquan­to os homens bran­cos, por exem­plo, repre­sen­tam 57% des­se mes­mo gru­po, uma pro­por­ção que se ele­va para 83% quan­do res­trin­gi­mos aos 0,1% mais ricos. Já quan­do tra­ta­mos da apro­pri­a­ção da ren­da total das famí­li­as por cada um dos gru­pos demo­grá­fi­cos a figu­ra se tor­na ain­da mais gra­ve. Isso por­que todas as mulhe­res negras do país, que repre­sen­tam 26% da popu­la­ção total, ficam com ape­nas 14,3% da ren­da naci­o­nal, mon­tan­te infe­ri­or àque­le rece­bi­do por ape­nas os homens bran­cos do 1% do topo, que se apro­pri­am de 15,3% da ren­da e repre­sen­tam 0,56% da popu­la­ção total. Dian­te des­sas esta­tís­ti­cas, a seção final dis­cu­te de for­ma bre­ve como é pos­sí­vel dese­nhar uma polí­ti­ca tri­bu­tá­ria antir­ra­cis­ta mes­mo no con­tex­to da atu­al pro­pos­ta de mudan­ças para o Impos­to de Ren­da por meio do PL 2337/21.

Referências bibliográficas