NPE 45: O Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC): comparação com os PACs anteriores e estimação de seu efeito no PIB

Esta Nota visa ana­li­sar o Novo Pro­gra­ma de Ace­le­ra­ção do Cres­ci­men­to (PAC), lan­ça­do pelo Gover­no Fede­ral no dia 11 de agos­to de 2023, sob dois aspec­tos: i) pon­tu­ar suas seme­lhan­ças e dife­ren­ças em rela­ção aos pro­gra­mas ante­ri­o­res; ii) ana­li­sar seu efei­to mul­ti­pli­ca­dor de ren­da uti­li­zan­do mul­ti­pli­ca­do­res fis­cais de inves­ti­men­to públi­co esti­ma­dos pela lite­ra­tu­ra especializada.

O Novo PAC se divi­de em nove eixos de atu­a­ção e pre­vê um inves­ti­men­to total de R$1,7 tri­lhão, com par­ti­ci­pa­ções de recur­sos públi­cos fede­rais, de empre­sas esta­tais e pri­va­das, e com finan­ci­a­men­to públi­co e pri­va­do. De todos esses recur­sos, R$1,4 tri­lhão (82%) está pre­vis­to para ser efe­ti­va­do até 2026. De for­ma geral, o pla­no bus­ca reto­mar obras ina­ca­ba­das, como as que fazem par­te do Pro­gra­ma Minha Casa Minha Vida (PMCMV), e pri­o­ri­zar pro­je­tos de infra­es­tru­tu­ra, mobi­li­da­de urba­na e gera­ção de ener­gia de bai­xo carbono.

As edi­ções ante­ri­o­res do PAC, lan­ça­das em 2007 e 2011, já tinham como obje­ti­vos supe­rar gar­ga­los de infra­es­tru­tu­ra e pro­mo­ver o desen­vol­vi­men­to sus­ten­tá­vel. Na prá­ti­ca, con­tu­do, o PAC impul­si­o­nou seto­res como habi­ta­ção e cons­tru­ção civil, que têm um impac­to posi­ti­vo nos empre­gos e no cres­ci­men­to econô­mi­co, porém pou­co con­tri­bu­em para a sus­ten­ta­bi­li­da­de. O Novo PAC reto­ma esses obje­ti­vos ini­ci­ais, com a novi­da­de da incor­po­ra­ção e ênfa­se nas áre­as rela­ci­o­na­das com tran­si­ção ener­gé­ti­ca e a inclu­são digital.

Com base na lite­ra­tu­ra eco­no­mé­tri­ca espe­ci­a­li­za­da, que apon­ta que os inves­ti­men­tos públi­cos pos­su­em um rele­van­te efei­to mul­ti­pli­ca­dor de ren­da, esti­ma­mos o pos­sí­vel efei­to do Novo PAC. Do mon­tan­te total de inves­ti­men­tos do pro­gra­ma – R$1,7 tri­lhão de reais -, R$371 bilhões de reais (21,82%) são oriun­dos do Gover­no Fede­ral. Somen­te estes inves­ti­men­tos públi­cos pode­ri­am gerar, via efei­to mul­ti­pli­ca­dor, uma con­tri­bui­ção para o PIB esti­ma­da em R$1,25 tri­lhão de reais até o final do pro­gra­ma. Se uti­li­zar­mos a mes­ma pro­por­ção (21,82%) des­tes inves­ti­men­tos advin­dos do Gover­no Fede­ral até 2026, tota­li­zan­do R$305,5 bilhões, esti­ma-se que a con­tri­bui­ção para o PIB seria em tor­no de R$1,03 tri­lhão de reais até 2027. Essas con­clu­sões, porém, devem ser inter­pre­ta­das com cui­da­do, pois esta aná­li­se cal­cu­la ape­nas o impac­to do pro­gra­ma no PIB levan­do em con­ta o efei­to mul­ti­pli­ca­dor fis­cal e man­ten­do outros fato­res constantes.