NPE 40: Sistemas agroflorestais na Amazônia

A mai­or par­te das emis­sões de gases de efei­to estu­fa advin­das dos paí­ses com flo­res­tas tro­pi­cais está rela­ci­o­na­da à con­ver­são de flo­res­tas de ele­va­da bio­di­ver­si­da­de em mono­cul­tu­ras agro­pe­cuá­ri­as, como soja, milho, pas­to e flo­res­tas plan­ta­das. Tal fenô­me­no ocor­re impul­si­o­na­do por um ambi­en­te ins­ti­tu­ci­o­nal naci­o­nal e inter­na­ci­o­nal que for­ne­ce pes­qui­sa e cré­di­to far­tos para a difu­são de paco­tes tec­no­ló­gi­cos homo­ge­nei­za­do­res ori­en­ta­dos pelo para­dig­ma mecâ­ni­co-quí­mi­co-gené­ti­co (PMQG). As medi­das de miti­ga­ção das mudan­ças cli­má­ti­cas implan­ta­das no cam­po da agro­pe­cuá­ria man­têm atu­al­men­te os fun­da­men­tos tec­no­ló­gi­cos do PMQG. No entan­to, a par­tir da déca­da de 1970, os efei­tos per­ver­sos da expan­são agro­pe­cuá­ria sobre a soci­o­bi­o­di­ver­si­da­de nos tró­pi­cos úmi­dos leva­ri­am, dia­le­ti­ca­men­te, ao refor­ço de uma agen­da polí­ti­co-cien­tí­fi­ca alter­na­ti­va inte­res­sa­da em poten­ci­ar tra­je­tó­ri­as tec­no­ló­gi­cas capa­zes de recon­ci­li­ar as inte­ra­ções eco­ló­gi­cas e econô­mi­cas entre agri­cul­tu­ra e flo­res­ta, ins­ti­tu­ci­o­na­li­zan­do um cam­po de inte­res­ses em tor­no do que se con­ven­ci­o­nou cha­mar de sis­te­mas agro­flo­res­tais (SAF), no âmbi­to do que deno­mi­na­mos para­dig­ma agro­flo­res­tal. Nes­ta Nota de Polí­ti­ca Econô­mi­ca (NPE), ten­ta­mos cha­mar aten­ção para o fato de que a neces­sá­ria mudan­ça nas for­mas pre­da­tó­ri­as das rela­ções entre soci­e­da­des e natu­re­za na Amazô­nia, e sua rela­ção atu­al com o deba­te sobre bio­e­co­no­mia, pas­sa pela bus­ca de uma recon­ci­li­a­ção urgen­te das for­mas de pro­du­ção de conhe­ci­men­to sobre as inte­ra­ções soci­o­e­co­ló­gi­cas entre soci­e­da­des, agri­cul­tu­ras e flo­res­tas nos tró­pi­cos úmi­dos. Não obs­tan­te essa recon­ci­li­a­ção deva ope­rar nas mais diver­sas estru­tu­ras de pro­du­ção exis­ten­tes no agrá­rio, des­ta­ca­mos que um pro­je­to de desen­vol­vi­men­to regi­o­nal em bases sus­ten­tá­veis, que seja efi­caz no com­ba­te à pre­da­ção eco­ló­gi­ca e às desi­gual­da­des soci­ais, deve impul­si­o­nar tra­je­tó­ri­as tec­no­ló­gi­cas ori­en­ta­das pelo para­dig­ma agroflorestal.