NPE 26: Biodiversidade e economia urbana na Amazônia

Com­pre­en­der a extensão e a distribuição espa­ci­al dos agen­tes econômicos liga­dos a ati­vi­da­des cujo fun­da­men­to são pro­du­tos da bio­di­ver­si­da­de da região amazônica é atu­al­men­te um dos mai­o­res desa­fi­os para a construção de políticas de desen­vol­vi­men­to econômico para os esta­dos da região. Nes­ta Nota de Política Econômica, par­te da nos­sa discussão se dedi­ca a exa­mi­nar os limi­tes e pos­si­bi­li­da­des ofe­re­ci­das por bases de dados oriun­das do cadas­tro de empre­sas da Recei­ta Fede­ral e da RAIS, com base na classificação naci­o­nal de ati­vi­da­des econômicas. Os resul­ta­dos obti­dos con­tri­bu­em para o escla­re­ci­men­to da rea­li­da­de econômica de ati­vi­da­des base­a­das em bio­di­ver­si­da­de (ABB) – ati­vi­da­des cujo fun­da­men­to é a existência do bio­ma Amazônia – con­si­de­ran­do-as de modo sistêmico com suas estru­tu­ras, seus ciclos e seus pro­du­tos. Um obje­ti­vo de fun­do des­ta Nota de Política Econômica é exer­ci­tar a hipótese de que as eco­no­mi­as urba­nas da Amazônia são um aspec­to impor­tan­te para com­pre­en­der as pos­si­bi­li­da­des de desen­vol­vi­men­to de eco­no­mi­as base­a­das em bio­di­ver­si­da­de. Enten­de­mos que a exploração das informações de eco­no­mi­as base­a­da em bio­di­ver­si­da­de pode lançar luz sobre a eco­no­mia urba­na do extra­ti­vis­mo e bio­di­ver­si­da­de na Amazônia. Essa eco­no­mia, típica de regiões inten­si­vas em bio­di­ver­si­da­de tro­pi­cal, carac­te­ri­za-se por pro­ces­sos de diversificação medi­a­dos por divisão soci­al e técnica do tra­ba­lho urba­nas, por meio das quais estru­tu­ras heterogêneas em ter­mos espa­ci­ais, ins­ti­tu­ci­o­nais e pro­du­ti­vos con­for­mam sis­te­mas dinâmicos des­to­an­tes da ima­gem pre­va­le­cen­te de estagnação atre­la­da ao extrativismo.

Referências bibliográficas

ALVES, R.N.B.; MODESTO JR, M.S. Mandioca: agregação de valor e rentabilidade de negócios. Embrapa Amazônia Oriental-Livro técnico (INFOTECA-E), 2019.

BARTOLI, Estevan. Cidades na Amazônia, sistemas territoriais e a rede urbana. Mercator, v17. 2018.

BICHARA, C. M. G.; ROGEZ, H. Açai (Euterpe oleracea Martius). In: Postharvest biology and technology of tropical and subtropical fruits. Woodhead Publishing, 2011. p. 1-27e.

BUGGE, Markus M.; HANSEN, Teis; KLITKOU, Antje. What is the bioeconomy? A review of the literature. Sustainability, v. 8, n. 7, p. 691, 2016.

CANO, Wilson. Desconcentração produtiva regional do Brasil: 1970-2005. Editora Unesp, 2007.

CASTRO, Marina Ramos Neves de; CASTRO, Fábio Fonseca de. No emaranhado do Guamá: trajetos etnográficos numa feira de Belém. In the tangle of Guamá: Ethnographic paths in a fair of Belém. Ponto Urbe. Revista do núcleo de antropologia urbana da USP, n. 20, 2017.

CLEMENT, Charles R. et al. Origin and domestication of native Amazonian crops. Diversity, v. 2, n. 1, p. 72-106, 2010.

CORTEZZI, Francisco. O Açaí no modelo de mundialização de plantas da Amazônia: Um produto antigo, novas formas de produção reprodução no espaço. Geosaberes: Revista de Estudos Geoeducacionais, v. 11, n. 1, p. 493-516, 2020.

COSTA. F. A., CIASCA, B.S., CASTRO, E.C.C., BARREIROS, R.M.M., FOLHES, R.T., BERGAMINI, L.L., SOLYNO SOBRINHO, S.A., CRUZ, A., COSTA, J. A., SIMÕES, J., ALMEIDA, J.S., SOUZA, H.M. Bioeconomia da sociobiodiversidade no estado do Pará. Brasília, DF: The Nature Conservancy (TNC Brasil), Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Natura, IDB-TN-2264, 2021.

COSTA, F. A. O Açaí do Grão-Pará: Arranjos Produtivos e Economia Local-Estruturação e Dinâmica (1995-2011). Tese professor titular. NAEA-UFPA, Belém, 2016.

___________. A brief economic history of the Amazon (1720-1970). Cambridge Scholars Publishing, Cambridge, 2018.

COSTA, Flávia Regina Capellotto; MAGNUSSON, William Ernest. The need for large-scale, integrated studies of biodiversity-the experience of the Program for Biodiversity Research in Brazilian Amazonia. Volume 8, Número 1, Pags. 3-12, 2010.

COSLOVSKY, Salo. Oportunidades para Exportação de Produtos Compatíveis com a Floresta na Amazônia Brasileira. Projeto Amazônia, v. 2031, 2021.

COSTA, T.V. et al. Aspectos do consumo e comércio de pescado em Parintins. Boletim do Instituto de Pesca, v. 39, n. 1, p. 63-75, 2018.

GLAESER, E. The Triumph of the City. New York: Tantor, 2011.

HECKENBERGER, Michael J. et al. Pre-Columbian urbanism, anthropogenic landscapes, and the future of the Amazon. Science, v. 321, n. 5893, p. 1214-1217, 2008.

HECKENBERGER, Michael. Tropical garden cities: Archaeology and memory in the Southern Amazon. Revista Cadernos do Ceom, v. 26, n. 38, p. 185-207, 2013.

HENRIQUE, M. C.; MORAIS, L.T. Estradas líquidas, comércio sólido: índios e regatões na Amazônia (século XIX). Revista de História (São Paulo), p. 49-82, 2014.

HOMMA, Alfredo Kingo Oyama. Amazônia: manter a floresta em pé ou plantar? Revista de Economia e Agronegócio, v. 18, n. 3, p. 1-17, 2020.

HOMMA, Alfredo Kingo Oyama. O diálogo com a floresta: qual é o limite da bioeconomia na Amazônia?. Research, Society and Development, v. 11, n. 4, p. e53011427555-e53011427555, 2022.

JACOBS, J. The Economy of Cities. New York: Vintage, 1970

LEÃO, R.D.C. Cenários da informalidade na Amazônia: estudos sobre o mercado de trabalho informal na capital do meio do mundo–Macapá (AP). Tese de doutorado Ciências Sociais, Unesp/Araraquara, 2020.

LEVIS, Carolina et al. How people domesticated Amazonian forests. Frontiers in Ecology and Evolution, v. 5, p. 171, 2018.

MITTERMEIER, Russell A. et al. Wilderness and biodiversity conservation. Proceedings of the National Academy of Sciences, v. 100, n. 18, p. 10309-10313, 2003.

MONTENEGRO, Marina Regitz. Globalização, trabalho e pobreza no Brasil metropolitano: o circuito inferior da economia urbana em São Paulo, Brasília, Fortaleza e Belém. São Paulo: USP, 2011

MONTE-MÓR, R.L.M. O que é o urbano, no mundo contemporâneo, Belo Horizonte: UFMG/Cedeplar, 2006

NORTH, D. C. Location theory and regional economic growth. Journal of political economy, v. 63, n. 3, p. 243-258, 1955.

PIRAUX, Marc; CUENIN, Pauline Hélène Cécile Marie. Evolução das conexões entre produção e consumo e seus impactos sobre as dinâmicas de um território: o caso de Mocajuba na Amazônia oriental–PA. Redes. Revista do Desenvolvimento Regional, v. 24, n. 3, p. 101-117, 2019.

PARKER, Eugene Philip. The Amazon caboclo: historical and contemporary perspectives. Studies in Third World societies (USA), 1985.

PONTE, R. X. Assahy-yukicé, iassaí, oyasaí, quasey, açãy, jussara, manaca, açaí, acayberry: rizoma. Tese Doutoramento, Ciências Sociais. Belém, UFPA 2013.

REIS, G.A. As principais diferenças entre o MEI, a EIRELI e a limitada Unipessoal. Migalhas, Revista Eletrônica. Publicado em 10/06/2021. Acesso em 03/08/2022. Disponível em https://www.migalhas.com.br/depeso/346811/as-principais-diferencas-entre-o-mei-a-eireli-e-a-limitada-unipessoal.

SCHMINK, Marianne; WOOD, Charles H. Conflitos sociais e a formação da Amazônia. Ed. UFPA, 2012.

SCOTT, A.; STORPER, M. The nature of cities: The scope and limits of urban theory. International journal of urban and regional research, 39(1), 1-15, 2015

SILVA, Harley. A economia do açaí em Belém-PA: vida urbana e biodiversidade em uma experiência singular de desenvolvimento econômico. Novos Cadernos NAEA, v. 24, n. 3, 2021.

SILVA, Harley. Socialização da natureza e alternativas de desenvolvimento na Amazônia Brasileira. Tese Doutorado em Economia. Cedeplar-UFMG, Belo Horizonte, 2017.

SOUZA JR., José Alves. Tramas do cotidiano: religião, política, guerra e negócios no Grão-Pará do Setecentos. Editora UFPA, Belém, 2012.

STORPER, Michael; VENABLES, Anthony J. Buzz: face-to-face contact and the urban economy. Journal of economic geography, v. 4, n. 4, p. 351-370, 2004.

VENTURA NETO, R. S. (Trans)Formação socioespacial da Amazônia: floresta, rentismo e periferia. Tese de doutorado (não publicada). Instituto de Economia da UNICAMP, Campinas. 2017

VIEIRA, Ima Célia Guimarães et al. Deforestation and threats to the biodiversity of Amazonia. Brazilian Journal of Biology, v. 68, p. 949-956, 2008.