NPE 30: Impactos distributivos do salário mínimo: uma estimativa para o período 2014–2021

Esta Nota ana­li­sa a rela­ção entre o salá­rio míni­mo e a desi­gual­da­de de ren­di­men­tos fami­li­a­res para o Bra­sil nos anos de 2014 até 2021. Para isso, uti­li­za­mos a entre­vis­ta da PNAD-Con­tí­nua res­pon­sá­vel por repor­tar todos os ren­di­men­tos, incluin­do do tra­ba­lho, trans­fe­rên­ci­as gover­na­men­tais e demais ren­di­men­tos de mer­ca­do, como alu­guéis e ren­das de apli­ca­ções finan­cei­ras. Den­tre elas, iden­ti­fi­ca­mos os canais atra­vés dos quais o salá­rio míni­mo inte­gra a ren­da fami­li­ar, ou seja, via mer­ca­do de tra­ba­lho, bene­fí­ci­os pre­vi­den­ciá­ri­os e o Bene­fí­cio de Pres­ta­ção Con­ti­nu­a­da (BPC). Seguin­do a meto­do­lo­gia pro­pos­ta por Bri­to, Foguel e Kers­te­netzky (2017) para com­pre­en­der os anos entre 1995 e 2014, esten­de­mos a aná­li­se para o perío­do mais recen­te. A com­pa­ra­ção indi­ca ter havi­do uma rever­são do efei­to total des­ses canais sobre a desi­gual­da­de, gra­ças ao mer­ca­do de tra­ba­lho. Enquan­to no perío­do ante­ri­or os auto­res havi­am esti­ma­do que o salá­rio míni­mo, atra­vés dos três canais, foi res­pon­sá­vel por mais de 70% da redu­ção do índi­ce de Gini da ren­da fami­li­ar, no perío­do recen­te o efei­to foi de aumen­to da desi­gual­da­de, repre­sen­tan­do 17% do total. Ape­sar da apo­sen­ta­do­ria e das trans­fe­rên­ci­as assis­ten­ci­ais terem man­ti­do seu cará­ter dis­tri­bu­ti­vo, mes­mo que em menor inten­si­da­de, a dete­ri­o­ra­ção do mer­ca­do de tra­ba­lho foi tama­nha que aca­bou por mais do que com­pen­sar esse efei­to. Nes­tes últi­mos anos, a ren­da fami­li­ar per capi­ta média de uma famí­lia que con­tas­se com ao menos uma pes­soa empre­ga­da ao valor do míni­mo era supe­ri­or à ren­da per capi­ta de meta­de da popu­la­ção, o que não ocor­ria até 2014. Assim, aumen­tos nes­se valor aca­ba­vam por bene­fi­ci­ar pes­so­as que esta­vam rela­ti­va­men­te bem posi­ci­o­na­das na esca­la de rendimentos.