NPE 13: Desafios e possibilidades de uma maior progressividade tributária no Brasil: o caso do IPTU

Há um cres­cen­te con­sen­so na lite­ra­tu­ra econô­mi­ca e no pro­ces­so de for­mu­la­ção de polí­ti­cas públi­cas de que, do pon­to de vis­ta da efi­ci­ên­cia e da jus­ti­ça soci­al, é dese­já­vel ele­var a tri­bu­ta­ção sobre rique­za no Bra­sil. O IPTU, impos­to sobre pro­pri­e­da­de mais anti­go do país, exis­ten­te des­de 1808, é um bom exem­plo dis­so: sua par­ti­ci­pa­ção na recei­ta dos muni­cí­pi­os bra­si­lei­ros é, em média, bas­tan­te bai­xa, e seu poten­ci­al dis­tri­bu­ti­vo é pou­co explorado.

Nes­ta nota, apre­sen­ta­mos um levan­ta­men­to sobre o padrão inter­na­ci­o­nal de tri­bu­ta­ção sobre pro­pri­e­da­des urba­nas e tra­ça­mos o his­tó­ri­co do IPTU no Bra­sil. Argu­men­ta­mos que a gran­de hete­ro­ge­nei­da­de da arre­ca­da­ção des­te impos­to entre muni­cí­pi­os simi­la­res é um indi­ca­ti­vo do poten­ci­al não efe­ti­va­do de uma mai­or arre­ca­da­ção e pro­gres­si­vi­da­de tri­bu­tá­ria nas recei­tas muni­ci­pais. Além dis­so, mos­tra­mos que a infra­es­tru­tu­ra ins­ti­tu­ci­o­nal dos muni­cí­pi­os, em espe­ci­al a atu­a­li­za­ção da plan­ta gené­ri­ca de valo­res, está asso­ci­a­da a uma mai­or arrecadação.

Dia­lo­gan­do com a lite­ra­tu­ra de capa­ci­da­de esta­tal (sta­te capa­city), apre­sen­ta­mos evi­dên­ci­as que indi­cam que medi­das ado­ta­das por deter­mi­na­dos muni­cí­pi­os, como a atu­a­li­za­ção e a infor­ma­ti­za­ção plan­ta gené­ri­ca de valo­res, estão rela­ci­o­na­das a uma média de par­ti­ci­pa­ção do IPTU nas recei­tas pró­pri­as 4 pon­tos per­cen­tu­ais mai­or do que em muni­cí­pi­os que não as imple­men­ta­ram, dado o mes­mo nível de ren­da. Além dis­so, essas mes­mas variá­veis estão asso­ci­a­das a uma mai­or recei­ta cor­ren­te. Por fim, esti­ma­mos que a atu­a­li­za­ção da base de cál­cu­lo do IPTU tam­bém está vin­cu­la­da à melho­ria na pres­ta­ção de ser­vi­ços públi­cos – no caso ana­li­sa­do, o mane­jo de resí­du­os sóli­dos: muni­cí­pi­os que fize­ram a atu­a­li­za­ção da plan­ta têm a pro­por­ção do lixo des­ti­na­da cor­re­ta­men­te (ater­ros sani­tá­ri­os e reci­cla­gem) em 2,5 pon­tos per­cen­tu­ais em rela­ção àque­les que não a fizeram.