NPE 31: Como nuestros hermanos: reformas tributárias para um novo pacto social

A pre­sen­te nota tem o intui­to de pro­mo­ver um estu­do com­pa­ra­do das refor­mas tri­bu­tá­ri­as apro­va­das ou em anda­men­to no Chi­le e na Colôm­bia, além de tra­çar cami­nhos comuns para uma futu­ra refor­ma tri­bu­tá­ria bra­si­lei­ra. Em ambos os paí­ses, as razões para a refor­ma seguem a mes­ma dire­ção: a bus­ca por um sis­te­ma tri­bu­tá­rio mais jus­to, pro­gres­si­vo e ori­en­ta­do para o desen­vol­vi­men­to econô­mi­co e o bem-estar da popu­la­ção. Divi­di­mos os tópi­cos de inte­res­se em três eixos que, em vari­a­dos graus, tra­zem ensi­na­men­tos impor­tan­tes para uma poten­ci­al refor­ma bra­si­lei­ra: (i) redu­ção das desi­gual­da­des; (ii) cres­ci­men­to, pro­du­ti­vi­da­de e inves­ti­men­tos; (iii) desen­vol­vi­men­to regi­o­nal, pro­te­ção do meio ambi­en­te e da popu­la­ção. Defen­de­mos que uma boa refor­ma tri­bu­tá­ria deve ser inter­pre­ta­da como um novo pac­to soci­al, isto é, como um ins­tru­men­to que garan­te os mei­os neces­sá­ri­os para que o Esta­do cum­pra suas fun­ções indis­pen­sá­veis e pre­vis­tas na Cons­ti­tui­ção, entre elas, a de pro­ve­dor de bens e ser­vi­ços públi­cos de qua­li­da­de e uni­ver­sais. Além dis­so, a refor­ma pode e deve ser um cami­nho para a redu­ção das desi­gual­da­des soci­ais, de modo que o aumen­to da arre­ca­da­ção tri­bu­tá­ria deve se efe­ti­var pri­mor­di­al­men­te atra­vés de uma mai­or one­ra­ção do topo da dis­tri­bui­ção de ren­da. Esse pro­pó­si­to não pode ser des­co­la­do do fato de que as desi­gual­da­des de ren­da e de rique­za estão inti­ma­men­te asso­ci­a­das às desi­gual­da­des de raça e gêne­ro, que devem ser con­si­de­ra­das se hou­ver um com­pro­mis­so real com a for­mu­la­ção de um sis­te­ma tri­bu­tá­rio jus­to e igua­li­tá­rio. Por fim, as pro­pos­tas ana­li­sa­das reco­nhe­cem o papel estra­té­gi­co da polí­ti­ca fis­cal na pro­te­ção do meio ambi­en­te e na pro­mo­ção do desen­vol­vi­men­to regi­o­nal, lições que um país con­ti­nen­tal como o Bra­sil, com uma gran­de bio­di­ver­si­da­de e um grau ele­va­do de desi­gual­da­de entre regiões, deve absorver.