Com o avanço das campanhas eleitorais, tornou-se parte do discurso da direita afirmar que o Brasil teria uma das menores inflações do mundo, menor até do que aquela de economias como os Estados Unidos ou da União Europeia. Tal afirmação se colocaria, portanto, como exemplo de sucesso das políticas econômicas implementadas pelo Governo ao longo […]
O candidato Lula publicou ontem um novo documento de compromissos, a “Carta para o Brasil do amanhã”. Sobre programas de transferência de renda, Lula afirma que manterá o valor de R$ 600 para atuais beneficiários do Auxílio Brasil, além de conceder um novo benefício de R$ 150 para cada criança de até 6 anos. Ainda que […]
Segundo a regra vigente, o governo é obrigado a corrigir o valor do salário mínimo ℠ por no mínimo a inflação do ano anterior. Recentemente, o Ministro Paulo Guedes afirmou querer alterar essa regra. Sua proposta é corrigir o SM pelo valor da inflação esperada para o próximo ano. O problema dessa mudança é que as […]
Diferentemente de outros momentos de desarranjo econômico, como a crise de 2008, a crise de 2020 teve origem fora do espectro financeiro, exigindo uma atuação diferente por parte dos bancos centrais e governos. O efeito da disseminação do vírus sobre o desempenho econômico, bem como programas de renda emergencial e alívio monetário, se tornaram rapidamente […]
Em pouco mais de 10 anos o mundo experimentou duas crises econômico-financeiras de grandes proporções, mas com causas completamente distintas. A crise de 2008, também chamada de crise do subprime, teve sua origem no mercado imobiliário americano, em especial através de títulos hipotecários problemáticos emitidos por inúmeras instituições bancárias. A de 2020, por sua vez, […]
Mais por pressa do que por estratégia, Guedes e Bolsonaro acabaram explicitando nas últimas semanas o papel do Congresso em definir o caráter distributivo das finanças públicas. De olho no calendário, o governo enviou a proposta do Auxílio Brasil (Medida Provisória 1061/21) visando substituir o Bolsa Família por benefícios mais generosos que possam render frutos […]
Em abril de 2021, o endividamento familiar brasileiro atingiu patamar recorde. Segundo os dados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic/CNC), 67,5% dos brasileiros possuíam dívidas a pagar no mês de abril, com efeito mais grave sobre as famílias mais pobres. 26,9% das famílias de baixa renda estavam com contas atrasadas no mês, […]
A América Latina (AL), se considerada sob a perspectiva da concentração de renda, é a região mais desigual do mundo (FMI, 2014). Entre os impactos adversos de sociedades altamente desiguais, considera-se a possibilidade de limitação do mercado interno consumidor que pode, por sua vez, reduzir o potencial de crescimento econômico. Além disso, outros fatores como […]
Durante parte significativa das duas últimas décadas, a economia brasileira atravessou um ciclo de crescimento econômico com distribuição de renda que teve como característica uma ampliação do crédito ao consumo. Por mais que este ciclo tenha trazido benefícios para amplos setores da sociedade, é fundamental reconhecer que ele aprofundou os conflitos sobre a distribuição da […]
O Working Paper nº 001 do Made, que inaugurou as publicações no site do Centro de Pesquisa, analisa o impacto de uma faceta da distribuição da renda, a distribuição funcional (repartição da renda com base na participação dos agentes econômicos no processo produtivo), sobre a demanda por importação em países desenvolvidos e em desenvolvimento.
Com cada vez mais frequência no debate econômico tem-se utilizado a forte desvalorização do Real em 2020 como justificativa para a manutenção do teto de gastos. O argumento é de que frente ao crescimento das despesas com o enfrentamento à pandemia e rumores de uma mudança do regime fiscal, aumentou a percepção de risco do país, levando a uma retração nos fluxos de capitais e, portanto, a uma desvalorização da moeda doméstica e a consequentes pressões inflacionárias. A narrativa da preponderância fiscal na determinação do câmbio vem acompanhada do dado de que o Real foi a moeda emergente que mais se desvalorizou em 2020. Assumindo, portanto, que o gap observado entre as oscilações da moeda brasileira e de outros países emergentes se deve às incertezas quanto ao cenário fiscal brasileiro.
Financiado pela Laudes Foundation, esse projeto pretende desenvolver e promover propostas para expandir o escopo e aumentar a eficiência do sistema brasileiro de proteção social, que melhora a condição de vida dos trabalhadores e facilita a promoção de uma transição verde. Mais especificamente, ele tem por objetivo analisar como a crescente informalidade e flexibilização da legislação trabalhista e acordos de trabalho são responsáveis pelo crescimento da desigualdade no Brasil- tornando trabalhadores mais vulneráveis e menos aptos a reivindicar seus direitos- e propor soluções.
Laudes Foundation
Gustavo Pereira Serra, Ana Bottega & Marina da Silva Sanches
Financiado pela Ford Foundation, o projeto é desenvolvido em parceria com o Núcleo de Justiça Racial e Direito (NJRD) da Fundação Getúlio Vargas, coordenado pelos professores Thiago Amparo e Alessandra Benedito. O objetivo é estudar as desigualdades raciais sob os pontos de vista da Economia e do Direito, e suas interseções. O foco é entender os efeitos dos gastos públicos, o impacto de reformas estruturais e do redesenho das regras fiscais, do modelo de tributação, entre outros aspectos, à luz do recorte racial.
Ford Foundation
Luiza Nassif Pires, Laura Carvalho, Alessandra Benedito, Thiago Amparo, Ruth Di Rada, Rikelme Duarte Gomes & João Pedro Freitas
Financiado pelas Open Society Foundations, o projeto tem como objetivo a elaboração de análises e propostas que apontem para uma recuperação econômica orientada para a construção de uma economia de baixo-carbono no Brasil, tendo como elemento central o enfrentamento dos desafios associados à região da Amazônia Legal. O foco da pesquisa é ampliar o entendimento do problema ambiental que coloca a Amazônia Legal como prioridade na discussão de uma transição ecológica no Brasil. Tendo em vista que este problema não diz respeito apenas à questão do desmatamento, mas se refere à própria condição da estrutura produtiva da região, às particularidades do mercado de trabalho, o acesso à infraestrutura e às desigualdades sociais, o esforço de pesquisa trará reflexões e propostas direcionadas ao entendimento e ao enfrentamento de questões particularmente relacionadas a esses temas no contexto da região da Amazônia Legal.
Duração: 2021–2023
Open Society Foundations
Laura Carvalho, Gilberto Tadeu Lima, Pedro Marques, Matias Rebello Cardomingo, Tainari Taioka & José Bergamin Rodrigues
Financiado pelo Samambaia Filantropias, o projeto tem o objetivo de desenvolver propostas de uma reforma tributária que garanta a progressividade da incidência dos impostos, de forma que a tributação se torne um instrumento de combate às desigualdades e de incentivo ao crescimento econômico. Para tanto, serão analisados os impactos arrecadatórios e os efeitos sobre a desigualdade e o crescimento econômico de diferentes propostas de aumento da progressividade na tributação da renda e patrimônio, ao lado dos efeitos de se reduzir impostos sobre o consumo e a produção.
Samambaia Filantropias
Laura Carvalho, Ana Bottega, João Marcolin, Isabella Bouza & João Pedro Leme
Financiado pelas Open Society Foundations, o projeto tem o objetivo de avaliar o impacto das medidas fiscais tomadas pelo governo brasileiro ao longo dos últimos anos sobre a distribuição pessoal e funcional da renda, atentando especialmente para as políticas associadas à sustentação da atividade econômica durante a pandemia da Covid-19, como o auxílio emergencial. Ainda, pretende mapear as iniciativas nacionais e internacionais no que diz respeito às propostas de retomada do crescimento a partir da redução das desigualdades e da transição ecológica, comparando suas especificidades e avaliando seus possíveis efeitos. Por fim, o projeto visa revisitar a legislação brasileira sobre o teto dos gastos públicos, comparando‑a com outras legislações internacionais e, a partir dessa comparação, propor cenários alternativos de controle das despesas governamentais que sejam condizentes com a viabilização de um projeto de retomada do crescimento econômico de caráter verde e inclusivo.
Duração: 2020–2022
Open Society Foundations
Laura Carvalho, Pedro Marques, Rodrigo Toneto, Matias Rebello & Theo Ribas
Financiado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), o projeto visa estimar os impactos multiplicadores de benefícios sociais sobre o PIB, o consumo das famílias e o investimento em diversos países. As estimativas são feitas através de um modelo do tipo VAR (vetor autorregressivo) estrutural. Quando utilizado para o Brasil, o modelo indicou um efeito multiplicador relativamente elevado para benefícios sociais, comparável ao nível do encontrado para investimentos públicos. Esse multiplicador também parece ter aumentado após a crise de 2015–2016. Nesse projeto, a estimação de multiplicadores para outros países com metodologia similar à empregada no Brasil permitirá a comparação de resultados. Em um momento no qual diversos países expandem suas redes de proteção social para responder aos efeitos da pandemia da Covid–19, os resultados obtidos são ainda mais relevantes.
Duração: 2020–2022
Organização Internacional do Trabalho (OIT)
Laura Carvalho, Gilberto Tadeu Lima, Fernando Rugitsky, Marina Sanches & Dante Cardoso
O Made foi selecionado no 1º Edital de Projetos da SempreFEA, associação formada por membros da comunidade FEAna, que busca perpetuar a excelência acadêmica da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo, e gere um fundo patrimonial independente para apoio de projetos nesse sentido.
Duração: 2021
O Mecila estuda formas passadas e presentes de convívio social, político e cultural na América Latina e no Caribe. O termo conviviality é empregado no centro como um conceito analítico para descrever formas de convívio em contextos específicos caracterizados por profunda diversidade e desigualdade. Ao vincular estudos sobre relações interétnicas, interculturais, inter-religiosas, entre classes e de gênero na América Latina e no Caribe, com estudos sobre convivência na Europa, o Centro pretende estabelecer um intercâmbio inovador com benefícios tanto para a pesquisa na Europa quanto na América Latina. A sede do Centro foi estabelecida em São Paulo (Brasil) através um consórcio composto por três instituições alemãs: a Freie Universität Berlin (coordenação); o Ibero-Amerikanisches Institut, Berlim; e a Universität zu Köln, Colônia, bem como quatro instituições latino-americanas: a Universidade de São Paulo e o Centro Brasileiro de Análise e Planejamento, São Paulo, Brasil; o Instituto de Investigaciones en Humanidades y Ciencias Sociales (CONICET / Universidade Nacional de La Plata) La Plata, Argentina; e o El Colegio de México, Cidade do México, México. Mecila nasceu da cooperação de longa data pré-existente entre estas instituições. O BMBF – Bundesministerium für Bildung und Forschung (Ministério Federal Alemão de Educação e Pesquisa) apoia o projeto desde abril de 2017.
Duração: 2017 até o momento
Bundesministerium für Bildung und Forschung (BMBF)
Fernando Rugitsky
Bolsa de Produtividade em Pesquisa do CNPq de nível 1A concedida ao Professor Gilberto Tadeu Lima. O projeto dá prosseguimento a uma agenda de pesquisa que vem sendo desenvolvida nos últimos anos na área de macrodinâmica. Seus objetivos gerais e específicos estão coerente e articuladamente agrupados nos seguintes conjuntos de tópicos inter-relacionados: (I) Macrodinâmica da utilização e ampliação da capacidade produtiva instalada, distribuição de renda e crescimento econômico; (II) Macrodinâmica com modelagem baseada em agentes (ABM); e (III) Macrodinâmica da estabilização econômica com metas de inflação e de produto. Nos tópicos (I) e (III), elabora-se modelos macroeconômicos dinâmicos que comportam solução analítica para a obtenção de resultados definidos, frequentemente fazendo uso do arcabouço de jogos evolucionários. No tópico (II), por sua vez, elabora-se modelos macroeconômicos de maior complexidade que requerem o recurso à simulação computacional para a obtenção de resultados definidos. Trata-se de um esforço amplo de modelagem de questões específicas na área de macrodinâmica que parte do pressuposto epistemológico de que a teoria macroeconômica necessita de modelos estilizados pelo menos tanto quanto necessita de fatos estilizados. Por meio da elaboração de modelos assentados em hipóteses empírica e teoricamente plausíveis, tal modelagem permite selecionar, isolar e analisar rigorosa e precisamente a operação de vários mecanismos subjacentes aos nexos e interações entre variáveis econômicas de interesse.
Duração: 2019–2024
Bolsa de Produtividade em Pesquisa do CNPq de nível 2 concedida à Professora Laura Barbosa de Carvalho. O projeto se propõe a estender os modelos macroeconômicos da tradição neo-Kaleckiana para a incorporação na determinação da demanda agregada, além da distribuição funcional de renda, das alterações na distribuição pessoal dos rendimentos do trabalho e do capital e da riqueza, e, ainda, introduzir variáveis de política econômica redistributiva (e. g. salário mínimo, transferências de renda, estrutura tributária, taxa de câmbio) e seus efeitos específicos sobre a demanda agregada e o crescimento econômico. Pretende também preencher lacunas da literatura sobre a relação entre a estrutura produtiva, a composição do emprego, o nível educacional e a distribuição salarial na economia.
Duração: 2019–2022
Financiado pela CAPES, o presente projeto de pesquisa tem como objetivo identificar o estilo de desenvolvimento que caracterizou a economia brasileira durante a longa expansão recente (2003–2014), de forma a analisar as possibilidades e os limites da combinação entre crescimento econômico e redução das desigualdades. “Estilo de desenvolvimento”, na acepção adotada, envolve não apenas processos cumulativos entre as estruturas da demanda e da oferta, mas também suas relações com a interação dinâmica entre demanda e distribuição de renda. O arcabouço combina, dessa maneira, a literatura kaleckiana sobre crescimento e distribuição de renda com a vertente do estruturalismo latino-americano que se inicia com o trabalho de Furtado (1966) sobre estagnação e culmina com a formulação de Pinto (1976). Especificamente, o projeto consistirá em uma série de artigos que que buscam alcançar três objetivos específicos. O primeiro é investigar empiricamente as relações entre distribuição de renda, composição setorial do consumo agregado das famílias e composição setorial do produto e do emprego, de forma a avaliar a validade dos elementos subjacentes ao processo cumulativo por mim referido como “antimilagre econômico” (Rugitsky, 2017). O segundo é compreender a dinâmica cíclica da taxa de lucro e do produto, incluindo uma análise das três interpretações sobre as relações entre conflito distributivo, lucro, investimento e política econômica sugeridas por Serrano e Summa (2018), bem como uma investigação empírica sobre a validade da teoria do esmagamento cíclico dos lucros para a economia brasileira. O terceiro objetivo, por fim, é comparar o caso brasileiro com o de outras economias sul-americanas que foram afetadas de forma semelhante pelo boom de commodities, tanto do ponto de vista do processo cumulativo entre as estruturas da oferta e da demanda quanto da dinâmica cíclica. Este projeto foi desenvolvido por Fernando Rugitsky durante o ano que passou como pesquisador visitante na Universidade de Cambridge.
Duração: 2019–2020
Com o avanço das campanhas eleitorais, tornou-se parte do discurso da direita afirmar que o Brasil teria uma das menores inflações do mundo, menor até do que aquela de economias como os Estados Unidos ou da União Europeia. Tal afirmação se colocaria, portanto, como exemplo de sucesso das políticas econômicas implementadas pelo Governo ao longo […]
O candidato Lula publicou ontem um novo documento de compromissos, a “Carta para o Brasil do amanhã”. Sobre programas de transferência de renda, Lula afirma que manterá o valor de R$ 600 para atuais beneficiários do Auxílio Brasil, além de conceder um novo benefício de R$ 150 para cada criança de até 6 anos. Ainda que […]
Segundo a regra vigente, o governo é obrigado a corrigir o valor do salário mínimo ℠ por no mínimo a inflação do ano anterior. Recentemente, o Ministro Paulo Guedes afirmou querer alterar essa regra. Sua proposta é corrigir o SM pelo valor da inflação esperada para o próximo ano. O problema dessa mudança é que as […]
Diferentemente de outros momentos de desarranjo econômico, como a crise de 2008, a crise de 2020 teve origem fora do espectro financeiro, exigindo uma atuação diferente por parte dos bancos centrais e governos. O efeito da disseminação do vírus sobre o desempenho econômico, bem como programas de renda emergencial e alívio monetário, se tornaram rapidamente […]
Em pouco mais de 10 anos o mundo experimentou duas crises econômico-financeiras de grandes proporções, mas com causas completamente distintas. A crise de 2008, também chamada de crise do subprime, teve sua origem no mercado imobiliário americano, em especial através de títulos hipotecários problemáticos emitidos por inúmeras instituições bancárias. A de 2020, por sua vez, […]
Mais por pressa do que por estratégia, Guedes e Bolsonaro acabaram explicitando nas últimas semanas o papel do Congresso em definir o caráter distributivo das finanças públicas. De olho no calendário, o governo enviou a proposta do Auxílio Brasil (Medida Provisória 1061/21) visando substituir o Bolsa Família por benefícios mais generosos que possam render frutos […]
Em abril de 2021, o endividamento familiar brasileiro atingiu patamar recorde. Segundo os dados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic/CNC), 67,5% dos brasileiros possuíam dívidas a pagar no mês de abril, com efeito mais grave sobre as famílias mais pobres. 26,9% das famílias de baixa renda estavam com contas atrasadas no mês, […]
A América Latina (AL), se considerada sob a perspectiva da concentração de renda, é a região mais desigual do mundo (FMI, 2014). Entre os impactos adversos de sociedades altamente desiguais, considera-se a possibilidade de limitação do mercado interno consumidor que pode, por sua vez, reduzir o potencial de crescimento econômico. Além disso, outros fatores como […]
Durante parte significativa das duas últimas décadas, a economia brasileira atravessou um ciclo de crescimento econômico com distribuição de renda que teve como característica uma ampliação do crédito ao consumo. Por mais que este ciclo tenha trazido benefícios para amplos setores da sociedade, é fundamental reconhecer que ele aprofundou os conflitos sobre a distribuição da […]
O Working Paper nº 001 do Made, que inaugurou as publicações no site do Centro de Pesquisa, analisa o impacto de uma faceta da distribuição da renda, a distribuição funcional (repartição da renda com base na participação dos agentes econômicos no processo produtivo), sobre a demanda por importação em países desenvolvidos e em desenvolvimento.
Com cada vez mais frequência no debate econômico tem-se utilizado a forte desvalorização do Real em 2020 como justificativa para a manutenção do teto de gastos. O argumento é de que frente ao crescimento das despesas com o enfrentamento à pandemia e rumores de uma mudança do regime fiscal, aumentou a percepção de risco do país, levando a uma retração nos fluxos de capitais e, portanto, a uma desvalorização da moeda doméstica e a consequentes pressões inflacionárias. A narrativa da preponderância fiscal na determinação do câmbio vem acompanhada do dado de que o Real foi a moeda emergente que mais se desvalorizou em 2020. Assumindo, portanto, que o gap observado entre as oscilações da moeda brasileira e de outros países emergentes se deve às incertezas quanto ao cenário fiscal brasileiro.
Financiado pela Laudes Foundation, esse projeto pretende desenvolver e promover propostas para expandir o escopo e aumentar a eficiência do sistema brasileiro de proteção social, que melhora a condição de vida dos trabalhadores e facilita a promoção de uma transição verde. Mais especificamente, ele tem por objetivo analisar como a crescente informalidade e flexibilização da legislação trabalhista e acordos de trabalho são responsáveis pelo crescimento da desigualdade no Brasil- tornando trabalhadores mais vulneráveis e menos aptos a reivindicar seus direitos- e propor soluções.
Laudes Foundation
Gustavo Pereira Serra, Ana Bottega & Marina da Silva Sanches
Financiado pela Ford Foundation, o projeto é desenvolvido em parceria com o Núcleo de Justiça Racial e Direito (NJRD) da Fundação Getúlio Vargas, coordenado pelos professores Thiago Amparo e Alessandra Benedito. O objetivo é estudar as desigualdades raciais sob os pontos de vista da Economia e do Direito, e suas interseções. O foco é entender os efeitos dos gastos públicos, o impacto de reformas estruturais e do redesenho das regras fiscais, do modelo de tributação, entre outros aspectos, à luz do recorte racial.
Ford Foundation
Luiza Nassif Pires, Laura Carvalho, Alessandra Benedito, Thiago Amparo, Ruth Di Rada, Rikelme Duarte Gomes & João Pedro Freitas
Financiado pelas Open Society Foundations, o projeto tem como objetivo a elaboração de análises e propostas que apontem para uma recuperação econômica orientada para a construção de uma economia de baixo-carbono no Brasil, tendo como elemento central o enfrentamento dos desafios associados à região da Amazônia Legal. O foco da pesquisa é ampliar o entendimento do problema ambiental que coloca a Amazônia Legal como prioridade na discussão de uma transição ecológica no Brasil. Tendo em vista que este problema não diz respeito apenas à questão do desmatamento, mas se refere à própria condição da estrutura produtiva da região, às particularidades do mercado de trabalho, o acesso à infraestrutura e às desigualdades sociais, o esforço de pesquisa trará reflexões e propostas direcionadas ao entendimento e ao enfrentamento de questões particularmente relacionadas a esses temas no contexto da região da Amazônia Legal.
Duração: 2021–2023
Open Society Foundations
Laura Carvalho, Gilberto Tadeu Lima, Pedro Marques, Matias Rebello Cardomingo, Tainari Taioka & José Bergamin Rodrigues
Financiado pelo Samambaia Filantropias, o projeto tem o objetivo de desenvolver propostas de uma reforma tributária que garanta a progressividade da incidência dos impostos, de forma que a tributação se torne um instrumento de combate às desigualdades e de incentivo ao crescimento econômico. Para tanto, serão analisados os impactos arrecadatórios e os efeitos sobre a desigualdade e o crescimento econômico de diferentes propostas de aumento da progressividade na tributação da renda e patrimônio, ao lado dos efeitos de se reduzir impostos sobre o consumo e a produção.
Samambaia Filantropias
Laura Carvalho, Ana Bottega, João Marcolin, Isabella Bouza & João Pedro Leme
Financiado pelas Open Society Foundations, o projeto tem o objetivo de avaliar o impacto das medidas fiscais tomadas pelo governo brasileiro ao longo dos últimos anos sobre a distribuição pessoal e funcional da renda, atentando especialmente para as políticas associadas à sustentação da atividade econômica durante a pandemia da Covid-19, como o auxílio emergencial. Ainda, pretende mapear as iniciativas nacionais e internacionais no que diz respeito às propostas de retomada do crescimento a partir da redução das desigualdades e da transição ecológica, comparando suas especificidades e avaliando seus possíveis efeitos. Por fim, o projeto visa revisitar a legislação brasileira sobre o teto dos gastos públicos, comparando‑a com outras legislações internacionais e, a partir dessa comparação, propor cenários alternativos de controle das despesas governamentais que sejam condizentes com a viabilização de um projeto de retomada do crescimento econômico de caráter verde e inclusivo.
Duração: 2020–2022
Open Society Foundations
Laura Carvalho, Pedro Marques, Rodrigo Toneto, Matias Rebello & Theo Ribas
Financiado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), o projeto visa estimar os impactos multiplicadores de benefícios sociais sobre o PIB, o consumo das famílias e o investimento em diversos países. As estimativas são feitas através de um modelo do tipo VAR (vetor autorregressivo) estrutural. Quando utilizado para o Brasil, o modelo indicou um efeito multiplicador relativamente elevado para benefícios sociais, comparável ao nível do encontrado para investimentos públicos. Esse multiplicador também parece ter aumentado após a crise de 2015–2016. Nesse projeto, a estimação de multiplicadores para outros países com metodologia similar à empregada no Brasil permitirá a comparação de resultados. Em um momento no qual diversos países expandem suas redes de proteção social para responder aos efeitos da pandemia da Covid–19, os resultados obtidos são ainda mais relevantes.
Duração: 2020–2022
Organização Internacional do Trabalho (OIT)
Laura Carvalho, Gilberto Tadeu Lima, Fernando Rugitsky, Marina Sanches & Dante Cardoso
O Made foi selecionado no 1º Edital de Projetos da SempreFEA, associação formada por membros da comunidade FEAna, que busca perpetuar a excelência acadêmica da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo, e gere um fundo patrimonial independente para apoio de projetos nesse sentido.
Duração: 2021
O Mecila estuda formas passadas e presentes de convívio social, político e cultural na América Latina e no Caribe. O termo conviviality é empregado no centro como um conceito analítico para descrever formas de convívio em contextos específicos caracterizados por profunda diversidade e desigualdade. Ao vincular estudos sobre relações interétnicas, interculturais, inter-religiosas, entre classes e de gênero na América Latina e no Caribe, com estudos sobre convivência na Europa, o Centro pretende estabelecer um intercâmbio inovador com benefícios tanto para a pesquisa na Europa quanto na América Latina. A sede do Centro foi estabelecida em São Paulo (Brasil) através um consórcio composto por três instituições alemãs: a Freie Universität Berlin (coordenação); o Ibero-Amerikanisches Institut, Berlim; e a Universität zu Köln, Colônia, bem como quatro instituições latino-americanas: a Universidade de São Paulo e o Centro Brasileiro de Análise e Planejamento, São Paulo, Brasil; o Instituto de Investigaciones en Humanidades y Ciencias Sociales (CONICET / Universidade Nacional de La Plata) La Plata, Argentina; e o El Colegio de México, Cidade do México, México. Mecila nasceu da cooperação de longa data pré-existente entre estas instituições. O BMBF – Bundesministerium für Bildung und Forschung (Ministério Federal Alemão de Educação e Pesquisa) apoia o projeto desde abril de 2017.
Duração: 2017 até o momento
Bundesministerium für Bildung und Forschung (BMBF)
Fernando Rugitsky
Bolsa de Produtividade em Pesquisa do CNPq de nível 1A concedida ao Professor Gilberto Tadeu Lima. O projeto dá prosseguimento a uma agenda de pesquisa que vem sendo desenvolvida nos últimos anos na área de macrodinâmica. Seus objetivos gerais e específicos estão coerente e articuladamente agrupados nos seguintes conjuntos de tópicos inter-relacionados: (I) Macrodinâmica da utilização e ampliação da capacidade produtiva instalada, distribuição de renda e crescimento econômico; (II) Macrodinâmica com modelagem baseada em agentes (ABM); e (III) Macrodinâmica da estabilização econômica com metas de inflação e de produto. Nos tópicos (I) e (III), elabora-se modelos macroeconômicos dinâmicos que comportam solução analítica para a obtenção de resultados definidos, frequentemente fazendo uso do arcabouço de jogos evolucionários. No tópico (II), por sua vez, elabora-se modelos macroeconômicos de maior complexidade que requerem o recurso à simulação computacional para a obtenção de resultados definidos. Trata-se de um esforço amplo de modelagem de questões específicas na área de macrodinâmica que parte do pressuposto epistemológico de que a teoria macroeconômica necessita de modelos estilizados pelo menos tanto quanto necessita de fatos estilizados. Por meio da elaboração de modelos assentados em hipóteses empírica e teoricamente plausíveis, tal modelagem permite selecionar, isolar e analisar rigorosa e precisamente a operação de vários mecanismos subjacentes aos nexos e interações entre variáveis econômicas de interesse.
Duração: 2019–2024
Bolsa de Produtividade em Pesquisa do CNPq de nível 2 concedida à Professora Laura Barbosa de Carvalho. O projeto se propõe a estender os modelos macroeconômicos da tradição neo-Kaleckiana para a incorporação na determinação da demanda agregada, além da distribuição funcional de renda, das alterações na distribuição pessoal dos rendimentos do trabalho e do capital e da riqueza, e, ainda, introduzir variáveis de política econômica redistributiva (e. g. salário mínimo, transferências de renda, estrutura tributária, taxa de câmbio) e seus efeitos específicos sobre a demanda agregada e o crescimento econômico. Pretende também preencher lacunas da literatura sobre a relação entre a estrutura produtiva, a composição do emprego, o nível educacional e a distribuição salarial na economia.
Duração: 2019–2022
Financiado pela CAPES, o presente projeto de pesquisa tem como objetivo identificar o estilo de desenvolvimento que caracterizou a economia brasileira durante a longa expansão recente (2003–2014), de forma a analisar as possibilidades e os limites da combinação entre crescimento econômico e redução das desigualdades. “Estilo de desenvolvimento”, na acepção adotada, envolve não apenas processos cumulativos entre as estruturas da demanda e da oferta, mas também suas relações com a interação dinâmica entre demanda e distribuição de renda. O arcabouço combina, dessa maneira, a literatura kaleckiana sobre crescimento e distribuição de renda com a vertente do estruturalismo latino-americano que se inicia com o trabalho de Furtado (1966) sobre estagnação e culmina com a formulação de Pinto (1976). Especificamente, o projeto consistirá em uma série de artigos que que buscam alcançar três objetivos específicos. O primeiro é investigar empiricamente as relações entre distribuição de renda, composição setorial do consumo agregado das famílias e composição setorial do produto e do emprego, de forma a avaliar a validade dos elementos subjacentes ao processo cumulativo por mim referido como “antimilagre econômico” (Rugitsky, 2017). O segundo é compreender a dinâmica cíclica da taxa de lucro e do produto, incluindo uma análise das três interpretações sobre as relações entre conflito distributivo, lucro, investimento e política econômica sugeridas por Serrano e Summa (2018), bem como uma investigação empírica sobre a validade da teoria do esmagamento cíclico dos lucros para a economia brasileira. O terceiro objetivo, por fim, é comparar o caso brasileiro com o de outras economias sul-americanas que foram afetadas de forma semelhante pelo boom de commodities, tanto do ponto de vista do processo cumulativo entre as estruturas da oferta e da demanda quanto da dinâmica cíclica. Este projeto foi desenvolvido por Fernando Rugitsky durante o ano que passou como pesquisador visitante na Universidade de Cambridge.
Duração: 2019–2020